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Posted by : Unknown February 03, 2012

O mês de Fevereiro marca o 30º aniversário do massacre de Hama. Uma data cheia de números tristes, cheia de números estatísticos absurdos. Data esta marcada pela impunidade, abuso de poder, corrupção e limpeza étnica.

Foto arquivo: "مجزرة حماة 1982 Hama Massacre"
Por Saulo Valley - Rio de Janeiro, 03 de Fevereiro de 2012 - 17h39min.
Atualização: 20h21min.

Quando o mês de fevereiro inicia, as lembranças começam a fervilhar na memória do povo que vive nas cidades sírias de Homs e Hama. 1982 é o ano que assinou a rejeição definitiva do regime Al-Assad como sendo alternativa de vida para o povo da Síria.

As memórias são amargas e a ausência de pelo menos 60.000 parentes, amigos vizinhos e familiares é sentida até hoje, mesmo que as autoridades internacionais não reconheçam este número como oficial.

Testemunhas que criaram páginas no Facebook em memória daqueles dias tenebrosos, contam que na primeira chacina, 25 corpos foram encontrados na entrada da Mesquita de Al-Masaud. A maioria das pessoas estavam com roupas de dormir e todas tinham seus membros brutalmente arrancados.Uma testemunha que escreveu seu testemunho na página "Hama Massacre en 1982" contou que ao ter se deparado com os 25 corpos, a sensação que teve é que a visão era tão aterradora que "até as pedras chorariam". Atônitos, os poucos moradores que se aproximaram dos corpos ficaram tempo suficiente para ver a equipe de limpeza urbana recolher as partes dos corpos para serem levadas como lixo. Ninguém nunca soube do paradeiro daqueles corpos.

Outras tristes lembranças testemunhadas nas páginas do Facebook, foram as prisões improvisadas pelo regime sírio, que na época era comandada pelo então presidente Hafez Assad, pai de Bashar Al-Assad. O ditadro esteve no poder desde 1948 até 2000, quando veio a falecer diversos problemas de saúde.

De acordo com relatórios, mais de 10% da população de Hama foi executada
pelo exército sírio em 1982. Fonte:
"Coordenação da Revolução Síria no Brasil الثورة السورية في البرازيل"
Prisões improvisadas - Olarias

As massivas prisões de manifestantes não foram adotadas nem criadas no regime Al-Assad. Elas estavam presente em todas as histórias de manifestações populares em consequência dos 48 anos de vigência da Lei de Emergência, implantada por Hafez Assad, depois que assumiu o governo e descumpriu todas as promessas de campanha nos 3 primeiros meses no poder. As prisões aleatórias e massivas eram tão absurdas que não haviam locais suficientemente espaçosos para se deter manifestantes. Por esta razão, lugares estranhos eram adotados como espécie de campos de concentração. Entre os lugares inéditos, as Olarias eram as preferidas do regime. Depoimentos registrados na página "Hama Massacre en 1982" conta que as detenções nas olarias eram muito "miseráveis". O exército mantinha os prisioneiros de consciência concentrados na parte aberta das antigas fábricas de vasos de porcelana. Lá, ao relento, sujeitos ao pesado inverno sírio e ás chuvas e ao calor, eram mantidos sem água ou comida. Normalmente os "interrogatórios" ao estilo medieval terminavam em cadáveres que eram lançados nas fornalhas ardentes das olarias.

Prisões improvisadas - Hospital Nacional

Os testemunhos das barbaridades do regime de Hafez Assad contam que no Hospital Nacional, os corpos eram amontoados uns sobre os outros. Haviam muitos corpos mutilados, perfurados ou mesmo amassados. Literalmente um monte de carne humana em decomposição. Testemunhas contam que o cheiro fétido dominava  a construção. A página "Hama Massacre en 1982" conta que pilhas de corpos eram levados para o Hospital Nacional diariamente por caminhões que antes eram utilizados para transportar carvão. Testemunhas oculares contaram para o administrador da página que esquadrões da morte já aguardavam os feridos chegarem portando facas e facões para mutilá-los e finalizá-los rapidamente. Para completar o elevado volume de mortos, o Hospital Nacional funcionava ao lado de um colégio secundário, que eventualmente foi ocupado pelo exército e seus estudantes convertidos em vítimas do massacre. Além destes lugares já citados, os estádios esportivos já eram largamente explorados como grandes centros de concentração e tortura do regime.

Bombardeios

O cenário de destruição estava por todas as partes da cidade. Não só prédios inteiros destruídos, como vilas, aldeias e o grande centro urbano de Hama. Sob a liderança da Irmandade Muçulmana, a revolução armada contra Hafez Assad estava escapando por entre os dedos como areia fina do deserto.




Mortes em massa

As invasões de residências eram diárias e perguntas não-respondidas eram compensadas com a morte. Depoimentos de sobreviventes que contaram que os homens de todas as famílias eram os mais procurados, sendo que a maioria das famílias de Hama perderam quase todos os seus homens. Há famílias citadas na página "Hama Massacre en 1982" que chegaram a perder 20 homens.

Há uma história contada pela página que 40 mulheres com suas crianças estavam se escondendo dos bombardeios numa clínica clandestina que funcionava numa cratera numa parede de um edifício moderno na época. De acordo com a fonte, para que as mulheres conseguissem chegar neste local precisaram pular as janelas, depois que bombardeios destruíram a passagem. Testemunhas contaram que o local foi descoberto pelos soldados que entraram e fuzilaram todas as mulheres e crianças. Contam que várias mulheres ficaram sangrando por muito tempo até que morreram, mas uma criança sobreviveu sobre o corpo de sua mãe, porque ela bebia o sangue materno que emanava de seu seio. Dias depois os corpos foram encontrados e o bebê foi achado com vida, apesar da saúde prejudicada.

Video: Entrevista da Aljazeera com Robert Fisk - Um dos poucos jornalistas profissionais que conseguiram entrar na Síria durante o massacre de 1982.



Estatísticas não oficiais

De acordo com relatórios da revolução e dos familiares que choram até hoje, os números de 10.000 mortos anunciados pelas Nações Unidas passam longe da realidade. O detalhe é que mesmo com números oficiais tão elevados, Hafez Assad nunca foi penalizado por seus crimes tão hediondos.

De acordo com a ativista Mai Atassi, os números não-confirmados pela comunidade internacional são:

  • 40.000 Civis mortos
  • 60.000 Detentos
  • 5.000 Sem-teto
  • 100.000 Deslocados
  • 15.000 Desaparecidos até os dias de hoje.
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